sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Uma última ovação...

É com enorme e profunda mágoa que venho vangloriar aquele que com a música na sua alma, levou uma vida fundadora de inveja, mesmo para o mais generoso e altruista dos homens.Por muitas mais outras formas que eu possa utilizar para o descrever, e por muitos outros adjectivos que poderia utilizar, seguramente nunca iriam chegar para descrever, aquilo que foi Luciano Pavarotti para o mundo do Homem, e da música.

Ignorando as suas humildes origens, e também a forma como este homem se tornou um dos ícones mais badalados do século XX, deixo-me apenas, á árdua tarefa de, com o simples poder das palavras descrever quem foi este Homem, que com a música na sua alma enfeitiçou gerações.

Olho para Pavarotti neste momento, como uma lenda:
Não por ter cantado com a sua indiscritivel voz nas mais belas arenas e nos mais majestosos palcos... Desprezando por completo as suas companhias que por si mesmas, são nada menos do que as mais valiosas fortunas que o mundo da música possúi... Mesmo ignorando o facto de, benevolentemente ter partilhado a sua bem merecida fortuna, com todo o terceiro mundo.

Olho para Pavarotti como uma lenda:
Pois mesmo sob o calor intenso de focos brilhantes ostentados majestosamente sob o seu corpo, mesmo observado por olhares sedentos de maravilhas... sem se importar com o suportar do peso inacreditável da responsabilidade de honrar o criador musical, que mesmo passados séculos da sua genialidade ser presenciada pelos vivos, encontra um escape para o mundo pela voz deste grande cantor...

Olho para Pavarotti como uma lenda:
Não por todos estes feitos de bondade... Mas pelo seu maior gesto de tenebrosa maldade, que sem escrúpulos, me causou o repúdio por tudo o que esta besta representa !
Olho para Pavarotti sem a capacidade sobrehumana necessária para ignorar os males por ele cometidos, que se assentaram sobre a humanidade como um manto negro de maldições!

Pois todos ignoram o que Pavarotti nos fez... Obliterou toda a nossa capacidade de livre arbitrio, pois é com os pés bem assentes na certeza incondicional que afirmo o facto de Luciano Pavarotti nos ter enfeitiçado todos estes anos em que a sua voz soou em nossos seres.

Mesmo que esteja ciente da polemicidade presente nesta frase... Mas convido todos os indignados a se juntarem comigo nesta última reflexão.

Conseguirá algum ser, mesmo que não instruido no impossivel mundo da música, conceber a ideia de que alguem com apenas o toque gentil de um som, consiga sem a ajuda de algum malvado feitiço, originar, em todos os seres afectados por este frio aconchego sonoro, um sentimento que muito poucos conseguiram originar, o sentimento que apenas é superado pela majestosidade de um infundado sentimento de salvação eterna... um sentimento que igual a todos os outros se difere deles todos. Apenas por ser o que, pelo movimento mecânico de um orgão humano consegue resplandecer uma luz irreal, que guarda em sim mesmo o segredo de como faz as estrelas, e a noite em si mesma desaparecer... COMO ?! Se não um malvado feiticeiro ?!

Mas... e se for real? E se o quente abraço da sua voz realmente está embutida numa capacidade inata de fazer o que apenas a música sabe fazer... Comunicar com todos os sentimentos ocultos na caixa de pandora, que é o Homem. E se Luciano Pavaroti não foi um malvado feiticeiro de ilusões doces e belas?! E se realmente o cantor pode derreter o gelo da fira manha de Nessun Dorma com a fogosa delicadeza agreste de sua voz ?!

Nesse caso todo o repudio desvanece como o mundo o faz, quando Luciano Pavarotti canta...

E deixa-me apenas o desjo... De aplaudir

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